8 de janeiro de 2020

Aliel defende que as desigualdades e os privilégios precisam ser combatidos

André Jonsson - Blog do Johnny

Em entrevista ao BLOG DO JOHNNY, o vice-líder da oposição na Câmara acredita que o Presidente Jair Bolsonaro frustrou a população em seu primeiro ano de governo na promessa de melhoria da economia do país. “O que nós vimos foi aprovação de medidas muito cruéis com as pessoas mais simples”, avalia o deputado.

O BLOG DO JOHNNY entrevistou ontem, 07, o deputado federal Aliel Machado (PSB), na sede do seu escritório político em Ponta Grossa. Vice-líder da oposição na Câmara, o parlamentar fez uma avaliação do cenário nacional, do primeiro ano do governo Bolsonaro (PSL), falou dos recursos conquistados por ele para os Municípios, e sobre a sua participação na eleição municipal de outubro. A entrevista, dividida em duas partes, a qual divulgamos a primeira a seguir. Logo na sequência publicaremos a segunda parte. Confira:

BJ – Deputado que avaliação o senhor faz do atual cenário do país e do primeiro ano do governo Bolsonaro?

Aliel – O governo foi eleito sob uma grande expectativa, o Brasil aprofundado numa crise que aconteceu por vários fatores, desde a ineficiência do governo Dilma, que foi muito forte, até os escândalos políticos, as investigações que desnudaram muitos crimes. E o novo governo veio sob uma promessa de combate à corrupção, de fortalecimento ao combate à criminalidade, e também de promessas sobre melhorias da economia. O combate à corrupção e as melhorias na economia, eu poderia dizer que foram frustrantes. Todos os índices no mercado financeiro apontaram que o ano de 2019 era para ter um crescimento superior a 2,5% e o que nós vimos foi aprovação de medidas muito cruéis com as pessoas mais simples. A proposta que veio do governo da reforma da Previdência, na nossa opinião, que nós ainda melhoramos lá no Legislativo, não combate os privilégios. O erro na condução política, com os filhos do Presidente, com os equívocos tomados no governo, os problemas ligados às áreas essenciais como a ambiental e a educação fizeram com que o país ficasse abaixo das expectativas. Quando os filhos do Presidente se intrometem no governo, quando nós temos aí uma dificuldade na condução política do país, a economia acaba pagando um preço alto por isso. O combate à corrupção, as perspectivas e os números nos mostram ainda um problema muito sério. O governo continua com o toma lá dá cá de maneira muito forte, bateu recorde nas negociações com os partidos políticos apesar do discurso do Presidente ser outro. Além o envolvimento dos familiares do Presidente em várias investigações que vem sendo apurados pela Justiça.

“O governo pecou porque passou o primeiro ano e não conseguiu mandar uma proposta de reforma tributária e de um pacto federativo forte, que atendesse às expectativas da população”.

Em relação à segurança pública eu acho que ele atendeu as expectativas. Muito pela força do ministro Moro, que apresentou um pacote anticrime que foi moldado pela Câmara dos Deputados, mas foi aprovado e foi um ponto muito positivo. Os números que estão sendo colhidos em relação à questão da segurança pública, que é uma demanda muito forte da população, precisam ser levados em consideração e trouxeram uma melhora significativa.

Mas ainda o maior problema do país persiste, que é a desigualdade social. O número de pessoas que estão entrando para a situação de miserabilidade é muito alto. Mas eu acredito que é o primeiro ano do governo, teve pontos positivos, mas também muitos pontos negativos. E o Congresso, na minha opinião, foi protagonista de maneira positiva, em muitas ações e conseguiu fazer o debate e tocar algumas agendas importantes. Eu particularmente acho que era necessário a reforma da Previdência, não nos moldes que o governo colocou, mas o Congresso conseguiu dar uma amenizada, segurar alguns pontos que nós entendemos que eram muito cruéis. Ainda não ao ponto de ser uma reforma ideal, como eu acredito. O governo pecou porque passou o primeiro ano e não conseguiu mandar uma proposta de reforma tributária e de um pacto federativo forte, que atendesse às expectativas da população. Agora se o governo simplesmente parasse de falar bobagem, teria sido melhor, porém, não existe perfeição. O governo tem pontos positivos também, inclusive nós acompanhamos algumas votações, sempre com independência, a liberdade de fazer as críticas e os elogios necessários. A gente espera que o governo se recupere e o ano de 2020 seja mais positivo que o anterior.

BJ – Como vice-líder da oposição o senhor ocupa uma posição de destaque no Congresso. No atual momento político, em sua opinião, qual o papel e a importância da esquerda no país?

Aliel – Não diria esquerda, chamaria do campo progressista. Nós precisamos entender que nenhum extremo é bom. Nem o extremo que acha que o Estado não tem que atuar de maneira nenhuma, deixando as pessoas a bel prazer sofrendo, o que aumenta a desigualdade. Temos pessoas que não têm condições de se alimentar. E isso é responsabilidade do governo. As desigualdades e os privilégios precisam ser combatidos. Isso é uma pauta do campo progressista.

Por outro lado, é preciso entender que sem o diálogo com o setor produtivo, com o setor empresarial, se o Estado não tirar a sua burocracia, não entender que ele precisa ser aliado desse setor, não vai avançar. Também teremos dificuldades se não entendermos que essa pauta precisa ser feita.

O que nós temos hoje é uma polarização. E na minha opinião, o PT já não representa mais isso. O PT traz um desgaste muito grande porque ficou muito tempo no governo e também tem muitos pontos negativos. Nós tentamos nos desenvencilhar disso. Tentamos mostrar que o país merece muito mais do que um projeto político partidário do PT, ou um projeto político partidário de um super-herói, que é o que a figura do Presidente Bolsonaro tenta representar. Não existe salvador da pátria e não existe exclusividade para um partido que se acha dono das pautas do país como aconteceu com o PT.

“Dentro do nosso campo, nós temos a responsabilidade em Brasília, de ter a liberdade enquanto oposição de alertar o governo para os equívocos, os erros, os absurdos e os abusos”.

É uma crítica que nós temos dentro do campo progressista. O combate à corrupção é uma pauta nossa que precisa ser feita. O PSB, por exemplo, votou favorável na sua grande maioria na Comissão de Constituição e Justiça, inclusive com o meu voto, à condenação em segunda instância. Defendemos o fim do foro privilegiado. Defendemos pautas importantes progressistas, só que nós também temos a nossa preocupação primordial que para nós é o cerne dos problemas crônicos do país, inclusive da corrupção, que é o problema da desigualdade social. As desigualdades desencadeiam outros problemas no país e o Estado não pode fechar os olhos para essas pessoas. Inclusive o setor produtivo é prejudicado quando a massa consumidora não tem acesso ao mínimo para poder sobreviver.

Dentro do nosso campo, nós temos a responsabilidade em Brasília, o nosso partido, de ter a liberdade enquanto oposição de alertar o governo para os equívocos, os erros, os absurdos e os abusos. Por isso que lutamos contra o governo quando ele quis implementar sigilo a documentos públicos, é por isso que atuamos quando o governo exagerou no decreto que liberava armas. Achamos que é possível fazer um debate sobre o assunto, mas não por decreto e muito menos liberando metralhadora e cinco mil munições por pessoa. Lutamos contra o governo quando ele impôs uma derrota à educação fazendo o contingenciamento de recursos numa área primordial, cortando bolsas de estudo, cortando programas importantes da área educacional. E nós vencemos essas pautas, nós derrubamos todas essas pautas o que foi bom para o governo. Porque isso não ajudaria no desenvolvimento do país como o governo previa equivocadamente. Enquanto que alguns aliados não poderiam fazer esse tipo de atuação porque estão lá com a troca de cargos, recursos e emendas. É uma atuação independente porque do ponto de vista que nós não somos oposição por oposição, não queremos que o governo vá mal. Nós queremos que o governo vá bem. Aprovamos créditos suplementares para não inviabilizar o governo. Aprovamos outras medidas que o governo julgou ser importantes, por exemplo, eu votei favorável ao que o COAF ficasse com o Sérgio Moro, porque acho um direito que o governo tem de tentar dentro da sua estrutura implementar aquilo que acha correto. Essa é uma atuação com responsabilidade e que vai de encontro com as necessidades que o país precisa ter num momento de dificuldade no qual nós estamos passando.

BJ – A busca de recursos para os Municípios é uma das principais demandas do mandato. Cumprindo o seu segundo mandato como deputado, o senhor já conseguiu viabilizar um grande montante de recursos, qual a importância destas conquistas?

Aliel – Hoje temos condições de ter uma garantia mínima do aporte desses recursos com as emendas impositivas e mais as emendas de bancada, que totalizam cerca de R$ 23 milhões anuais por deputado em recursos. Temos uma equipe bem preparada no nosso mandato que orienta os Municípios na apresentação de projetos para angariar recursos de projetos e programas dos ministérios.

Outro ponto forte é que sou muito respeitado por integrantes do governo que não enxergam o Aliel como um opositor contra o país, inclusive nos elogiam em pontos importantes, que alertamos o governo sobre equívocos. Vou dar um exemplo, quando Vice-Presidente Hamilton Mourão apresentou o decreto que autorizava cargos comissionados assinar documentos que ficariam em sigilo por até 50 anos, foi o próprio Presidente Bolsonaro que revogou o decreto depois que um projeto de minha autoria foi aprovado na Câmara dos Deputados e já tinha sido pautado no Senado Federal. Ou seja, ao revogar o decreto ele reconheceu que nós estávamos corretos na apresentação daquela demanda e no questionamento feito ao governo.

Lembro do episódio da minha união com o Eduardo Bolsonaro para defender uma família de Castro. Uma mãe, que ainda passa por dificuldades, mas nos unimos para defende-la e ter a guarda dos seus filhos.

Tenho acesso a muitos ministros que foram deputados comigo, que me conhecem e sabem que não sou uma pessoa que torce contra o país e muito menos irresponsável. Abro o diálogo, converso e negocio com os líderes do governo que sentam comigo como vice-líder da oposição e tenho portas abertas em diversos ministérios para apresentar as sugestões e demandas.

“Quando se vê uma obra que nem a maternidade, que devemos inaugurá-la ainda no primeiro semestre deste ano, é um marco que vai ficar registrado e ninguém vai apagar”.

Vou dar mais um exemplo, quando do fechamento da Procuradoria Geral da Fazenda em Ponta Grossa, fui recebido na semana seguinte pelo superintendente da Procuradoria em Brasília e fui acompanhado pelo vice-líder do governo, deputado Ricardo Barros, e pelo líder da bancada do Paraná, deputado Toninho Wandscheer, numa pauta que nos uniu para defender Ponta Grossa. E conseguimos na reunião reverter uma decisão que seria prejudicial à cidade. Ou seja, uma decisão do governo atendendo um pedido da oposição. Isso mostra responsabilidade e sensibilidade do governo em relação a pautas que a gente julga ser importantes.

E isso não é diferente com os Municípios. Tivemos mais de 60 audiências durante o ano passado, nos mais diversos órgãos para defender os interesses dos Municípios. E em muitos fomos atendidos, recursos foram liberados, atendendo as necessidades das pessoas nos Municípios.

BJ – A obra da Maternidade dos Campos Gerais, que está sendo construída anexo ao Hospital Regional, é o maior marco destas conquistas?

Aliel – E que o governo vai ter um grande papel. O recurso anteriormente era liberado picado através das medições e isso estava atrasando a obra. E o governo atual liberou mais de R$ 3 milhões, o que não é pouca coisa. Uma emenda impositiva de um deputado.

A maternidade é uma simbologia, de muitos recursos menores, que muitas vezes nem aparecem. Nós auxiliamos muitos Municípios com recursos de custeio da máquina, que não aparecem como obras ou equipamentos, mas que se não fossem liberados teríamos falta de atendimento.

Ponta Grossa, pelo seu tamanho e a sua necessidade, tem um aporte maior de recursos nominais em diversas áreas. Fico muito contente quando estou na rua e vejo uma ambulância do SAMU em atendimento e saber que se não fosse por mim aquela ambulância não estaria aqui. Nos dá um sentimento de dever cumprido. Quando olho Pronto Socorro, que está sofrendo tanto porque tem um abandono por parte da administração municipal que não mostra prioridade, mas que temos lá R$ 1,5 milhão em equipamentos. Estava na minha mesa em Brasília quando decidi que o Pronto Socorro iria receber esses equipamentos, você vê que valeu a pena. Essa decisão é aonde o deputado se torna um pouquinho prefeito, porque tem a decisão de escolher aonde vai ser investido aquele recurso.

Quando se vê uma obra que nem a maternidade, que devemos inaugurá-la ainda no primeiro semestre deste ano, a obra está andando de vento em poupa, e que é uma grande conquista e uma escolha que nós fizemos, nos deixa muito feliz. É um marco que vai ficar registrado e ninguém vai apagar.

BJ – O senhor falou em ser um pouco prefeito como deputado, o senhor é candidato à Prefeitura de Ponta Grossa neste ano?

CONTINUA…


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